terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Fim do mundo...


Me vi com uma bolsa não muito grande, que era do tamanho que eu aguentaria carregar depois de cheia. Não sabia ao certo do que eu precisaria ou do que eu sentiria falta... A idéia de perda e a culpa por não ter salvado um ou outro objeto era realmente desagradável, apesar de que ninguém sabia o que iria acontecer daqui pra frente.

Corri para o meu quarto com pressa e desesperada, e coloquei na bolsa meu cãozinho de pelúcia... Ele e tinha certeza que se não salvasse não ficaria em paz. Uma roupa confortável e uma roupa das que eu mais gosto, mas nada fora do discreto... Peguei a mais neutra possível pra ser sincera.

Passaram-se apenas dois minutos, pena eu lembrar a cada milésimo que todo o tempo era indiscutivelmente importante. Pensei, apressada por dentro, em o que mais precisaria pegar. Depois que coloquei objetos pessoais completamente inúteis na bolsa, me dei conta que estava sendo o cúmulo do egoísmo... Percebi que depois da notícia, me esqueci das pessoas à minha volta e não peguei nada que fosse útil à minha família, como comida e bebida e coisas básicas para permanecermos vivos.

Sai do meu quarto e corri para o quarto dos meus avós, mas eles não estavam em lugar algum... Desesperada, fui correndo para o quarto da minha mãe e lá estava ela e meu irmão mais novo arrumando uma mala de viagens com roupas e cobertores. Perguntei sem pensar nem uma vez onde estavam meus avós... Ela falou que eles foram para a casa dos meus bisavós e que eles não arrumariam nada. Eles se conformaram em não sobreviver... Não queriam sofrer ainda mais, só queriam estar juntos quando tudo acontecesse.

Comecei a chorar junto com a minha mãe que já estava chorando... Meu irmãozinho não entendia quase nada do que estava acontecendo, ele é pequeno demais pra isso. A pergunta seguinte veio composta por soluços... Na realidade, não foi uma pergunta, soou como “Mãe... Você não vai conseguir carregar essa mala e meu irmão”... Ela respondeu falando que não tinha muita escolha e eu decidi por minha bolsa na mala e pegar coisas de valor sentimental da minha mãe e coisas que eu sabia que meu irmão gosta.

Cheia e pesada... Mas eu não reclamei da mala mesmo com muita dor nas costas. Minha mãe pegou meu irmão no colo e ambas corremos até o portão de casa. Até eu que não sou de rezar, que perdi minha fé durante os anos, estava suficientemente desesperada a ponto de rezar e implorar que nada acontecesse a minha família.

A rua estava um caos... Pessoas tão desesperadas quanto nós correndo para conseguir um lugar para ir aos abrigos que o governo montou. Minha visão não era ampla, eu apenas sabia da minha cidade... Não tinha nenhuma noção de como estavam as cidades vizinhas, quem dirá o resto do planeta.

E então eu acordei... E agradeci por ter sido só um pesadelo. Mas se fosse verdade, o que você faria? O que colocaria na bolsa? Quem você salvaria se tivesse de escolher? ...