terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pesadelo com Lobisomens

Eu fui levada para uma ilha com mais nove pessoas, nós estávamos participando de uma série que seria mostrada ao vivo. Em todo o lugar havia câmeras escondidas... Não tinha pontos cegos e ninguém conseguia achar essas câmeras. Não fomos informados sobre o que seria a série, digo, o tema e o que aconteceria, só nos falaram que a pessoa que conseguisse chegar até o fim teria como se fosse um “desejo” a ser realizado, mas também não explicaram quais os critérios pro desejo ser aceito e realizado e também não explicaram o que queriam dizer com “chegar até o fim”.

A ilha era bem estranha e sinistra, quando chegamos tivemos de atravessar uma pequena floresta até o vilarejo onde ficaríamos, e, além das casas simples e antigas do vilarejo, também havia um prédio supermoderno que era a sede das pessoas que organizaram a série. Mas não tínhamos acesso, essa área era restrita, apenas os profissionais que ajudavam na produção, diretores e outras pessoas assim tinham permissão pra entrar.

A primeira noite foi assustadora a todos, um lugar assim tão longe e escuro... Cada um escolheu sua cama, já que havia exatamente dez camas, e foram deitar e conversar um pouco antes de dormir. Eu, medrosa do jeito que sou, escolhi uma cama bem no meio do quarto... Não queria ficar perto da janela, muito menos da porta.

Depois de conversarmos bastante e nos conhecermos melhor, resolvemos dormir. Fiquei olhando pro teto, esperando o sono, e percebi que umas três pessoas faziam exatamente o mesmo, enquanto o restante já estava em um sono pesado. Mas, no meio da noite, eu e as pessoas que estavam acordadas ouvimos alguns ruídos lá fora... Como se tivesse algum animal correndo no lado de fora da casa. Quando ouvimos o uivo, ficamos estáticos, eu coloquei o cobertor por cima da cabeça e me encolhi na cama... Acabei dormindo ali mesmo.

Logo cedo me acordaram e percebi que todos estavam assustados. Me falaram que o Leonardo, um dos que estava acordado ontem, saiu pra ver o que era aquele barulho do lado de fora e não retornou... E os outros que estavam acordados não tiveram coragem de sair da casa. Só que, dois homens do grupo já tinham acordado cedo e ido procurar por ele e voltaram em choque... Quando o restante, e eu, criamos coragem e saímos lá fora, vimos o porquê eles estavam pálidos: do lado de fora da casa havia um rastro de sangue até a floresta, junto com umas patas enormes de algum animal que ninguém soube imaginar por causa do tamanho... Perto das árvores conseguimos ver um dedo, que ainda estava com uma aliança presa. Com certeza era o dedo dele, com a aliança que ele e a esposa começaram a usar a menos de dois meses, assim que se casaram.

Ficamos em um estado de desespero e medo, e nesse momento todos fomos até o prédio da empresa, mas a porta de vidro temperado estava travada e não abria. Não demorou quase nada pra um dos diretores chegar, afinal, os homens do grupo estavam a um passo de tentar quebrar a porta. Ele não abriu a porta, apenas falou conosco através de um dispositivo do lado dela. Ele perguntou o que estava acontecendo e a Suellen, como era a que mais estava controlando as emoções falou da melhor maneira possível que simplesmente um dos integrantes havia sido morto por um animal na última noite.

Depois de explicada a situação e o motivo pra euforia do grupo, o diretor que falou conosco subitamente abriu um sorriso de satisfação. Claro que ficamos indignados, mas eu em particular fiquei com muita vontade de entender o que estava acontecendo. Ele não tirou o sorriso do rosto enquanto falava, disse que a série que participávamos tinha o nome de Pesadelo e que nosso objetivo nada mais era do que sobreviver durante APENAS um mês na ilha. Sim, ele teve a coragem de falar apenas...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Racional e dopada ?

Sejamos racionais. Aliás, eu voltei a ser racional. Acho que voltei ao sonho e estou recobrando a ideia de que preciso acordar. Está tudo tão confuso, agora não sei ao certo se preciso mesmo acordar ou se já estou acordada.

Uma ideia... Será que essa ideia é minha mesmo ? E se eu tentar me acordar, sair desse sonho, e simplesmente entrar no sonho e sumir da realidade ?

Já me despedi uma vez, disse que viveria meu sonho e minha imaginação, e deixaria a realidade. E agora, eu tenho que volta pra realidade, ou pro sonho ?

Tanto tempo usando os sonhos como escape, tanto tempo usando a imaginação pra fugir... Agora eu estou completamente perdida e confusa na minha própria mente. Estou mais sóbria e racional do que nunca estive, mas isso me faz duvidar se eu não estaria, na verdade, dopada e emocional, de uma forma que nunca estive antes.

Se esse mundo não for real, eu preciso acordar. Mas não posso me dar ao luxo de tentar acordar e acabar assim deixando a realidade. Dizem que você nunca lembra do começo de um sonho, sempre se da conta no meio... Só que, mesmo que eu refaça todos meus passos pra tentar descobrir se é um sonho ou a realidade, eu não poderia lembrar, não é mesmo ? Afinal, não lembramos do começo de um sonho, mas também não tem como nos lembrarmos do surgimento da nossa realidade.

Não se trata de o que é verdade e o que é mentira, e sim do que é real e do que é sonho. Como faço para descobrir ? Já mergulhei em ambos mais de uma vez, e agora não sei em qual estou e muito menos para qual iria se tomar alguma atitude.

Só espero achar a saída, antes que minha mente, sóbria ou não, acabe simplesmente com todos os conceitos de sentimentos que podem ainda existir dentro de mim, lá no fundo.

sábado, 9 de abril de 2011

Labirinto de Lembranças

Perdida dentro deste castelo... Não consigo encontrar a saída daqui. Cresci neste lugar e agora me sinto como uma estranha andando em meio às lembranças... Passando por quartos e outros cômodos realmente irreconhecíveis agora.
Tudo abandonado e coberto por panos brancos, como se estivesse para ocorrer mudanças... Mas as mudanças já aconteceram. Até eu reconhecer meu quarto... Puxei o lençol que cobria o enorme espelho que ocupava uma parte da parede. Um espelho antigo, cheio de história... E então olhei para mim mesma.
Não, não consegui me reconhecer. Não via a mim mesma no reflexo, via apenas uma mulher comum, mas não eu mesma. Coloquei a mão em meu rosto... Senti-o, sem acreditar e sem entender o que estava mesmo acontecendo...
Até que ouvi os latidos de um cachorro... Como se me chamasse, guiando-me para fora deste lugar, finalmente. Corri, seguindo o som e torcendo para não me perder ainda mais. Quando sai no jardim da frente do castelo... Estava livre enfim. As gotas daquela chuva fria caindo sobre minha pele e o meu husky vindo correndo em minha direção, como se eu o tivesse salvo, sendo que eu que deveria estar grata.
Às vezes só precisamos de um som pra seguir e nos guiar enquanto estivermos no escuro. Porque às vezes, quando não nos reconhecemos e ficamos perdidos, precisamos de ajuda... Nem sempre conseguimos sozinhos, mas não quer dizer que não sejamos fortes...


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um Monstro

Presa nesse lugar e sem ter para onde correr, vi minha vida se esvair como um doce e súbito suspiro. Sabia que inventariam uma ótima desculpa para o que estava para acontecer aqui hoje, assim que tudo se resolvesse... Afinal, as provas com certeza seriam escondidas para que ninguém descobrisse a verdade.

Criado em laboratório, era apenas uma experiência que não deu certo, como muitas outras... Mas essa saiu do controle. E eu estava no lugar errado, na hora errada.

Trabalho na segurança desse prédio do governo, agora completamente lacrado por conta das portas blindadas que foram ativadas pelo alerta de perigo... E pensar que deveria ser minha folga hoje. Me ligaram pedindo para cobrir o expediente de um segurança que estava doente. Era só para ser um dia normal de trabalho, sem grandes riscos... Meu turno nem ia demorar a acabar...

A sala que estávamos era grande, em uma extremidade estava eu e mais três seguranças, sendo que dois já estavam mortos e escorrendo sangue pelo piso, enquanto na outra extremidade... Aquela... Criatura.

Minhas balas haviam acabado e não surtiram efeito algum naquela... Coisa. O meu colega estava completamente inútil, paralisado de medo e tremendo... Dava para ver o pavor saindo pelos seus olhos.

Se não achássemos uma maneira de parar aquela criatura... Ele seria morto... E eu também. Era só aquela criatura decidir nos atacar e tudo que fiz até agora não fará diferença. Se eu não a deter, mesmo que haja mais mortes, todas elas serão simplesmente encobertas pelo governo... Eu não queria e nem podia morrer dessa forma ! Não hoje, não neste lugar, muito menos assassinada...

Uma história ainda não contada...

Às vezes, por mais que você tente, não irá conseguir uma segunda chance... Mesmo que tenha se arrependido, mudado. Dói saber que nada vai mudar, e mesmo sabendo disso a porcaria da esperança continua lá... Só pra te machucar ainda mais. Muita coisa foi verdade, não existe sentimentos de mentira... Mas de que adianta ? Afinal, você acha que tudo foi mentira e nada do que eu tentar realmente fará diferença ...

Sonhar, como sempre, se torna minha única saída... Dolorosa sempre, mas ao mesmo tempo é isso que dá forças pra continuar. E esse meu sonho nem é realmente meu...

Um homem, com mais ou menos seus vinte e oito anos (não tenho muita idéia ao certo qual realmente seria sua idade... Mas é por esses números...), de regata preta e braços tatuados, dois alargadores em um tamanho médio e cabelo parecido com o do Oliver Scott Sykes, do Bring Me The Horizon. Moreno e de olhos castanhos.

Ele vai até o prédio de uma revista famosa e diz à secretária da recepção que está atrasado para uma reunião, mas a secretária não o deixa prosseguir. Ela provavelmente fez isso por conta do estilo dele, do modo que ele se vestia... E como toda pessoa de mente pequena, julgou pela aparência e não o deixou pegar o elevador para ir até a sala de reuniões. Deve ter achado que uma pessoa assim não é séria suficiente para uma reunião de empresa...

Mesmo assim, o rapaz insistiu. “Eu preciso ir pra reunião, não posso perder essa chance de emprego”... E mesmo assim a secretária o barrou. Até que uma mulher, camisa babylook preta em gola V, calça jeans e salto alto, cabelo um pouco abaixo do ombro todo repicado e inteiro em um azul royal, um alargador não muito grande, tatuagens em um braço inteiro, delineador preto e um batom vermelho não muito forte, chegou e parou atrás dele.

Ela disse à secretária que ele era o novo contratado da revista e que ia ajudar a administrar a área de Marketing. “Eu sou a chefe, não cabe a você julgar quem entra ou não, e se você não deixar ele entrar, é você quem sai.” Quando ambos resolveram se olhar para se cumprimentar, eles viram pelos olhos... (Ambos olhos de chocolate derretido...) ... Era algo familiar...

Eu, a mulher de cabelo azul e você, o rapaz das tatuagens... Foi estranho te ver depois de tanto tempo, e um pouco triste não ter passado esse tempo ao seu lado. Foi reconfortante ver que tudo estava melhor... E, a partir dessa cena, uma nova história pode surgir, ou uma antiga pode continuar...”

E agora eu me apego a isso... Esperando o destino ser gentil comigo. Mas enfim, é apenas outro sonho...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pirata...

E por que diabos os sete mares não têm dono? Eu já deveria ter conquistado os mares do Norte e do Sul, do Leste e do Oeste. Não há um navio, do governo ou não, que não navegue com medo do Měsíc Modrá... Meu navio é o mais veloz desses mares, o nome tcheco fui eu que coloquei, amo ele.
Devemos ir onde quisermos ir, o navio é pra isso. Não é só uma quilha, o casco, o convés e as velas... Isso é o que um navio precisa. O navio é... Liberdade. Mas faz anos que almejo mais do que apenas me sentir livre... Há tempos procuro pelo baú que contém a chave para a imortalidade. Afinal, de que adianta a liberdade, se ela não durar quase nada?
Lendas dizem que esse baú está em terra firme, em uma ilha proibida no Caribe; há quem diga que ele está enterrado nas profundezas do oceano, dentro de um navio amaldiçoado, naufragado há muito tempo. A única lenda que rezo todos os dias para não ser real é aquela de que esse baú está em algum lugar do oceano... Sendo seguramente protegido pelo Kraken.
Não tenho medo de maldições... Nada pode me fazer acreditar nelas. Não tenho medo de ilhas proibidas e coisas desse tipo, sei que são coisas possíveis de se enfrentar... Mas o Kraken? Não acho nada possível de se enfrentar ! Prefiro mesmo que o baú esteja em qualquer outro lugar...
Depois de anos buscando incansavelmente alguma informação útil, encontrei em um navio de contrabando de especiarias a pista de que precisava. De acordo com aquela cigana, o baú estava mesmo em uma ilha proibida. Meu alívio não durou quase nada... Ela contou que todos que ousaram se aventurar por aqueles mares morreram, a ilha era protegida pelo Kraken...
Falta de sorte ? Imagina... E agora ? O que fazer ? ...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Uma Batalha Pessoal: Sacrifícios

De repente me via no meio de uma avenida, com muitos prédios de ambos os lados... E estava com duas pistolas em mãos (imbel calibre 40 gc) carregadas. Estava tudo vazio, como se as pessoas tivessem sumido e não sobrasse mais nada... A não ser uma pessoa, sim, havia uma pessoa no fim da avenida, estava bem longe, mas conseguir ver que era uma mulher.

Ela estava com um macacão colado branco, com um cinto azul claro. Parecia roupa de espiã russa, com uma espingarda (spas 15 semi-automática calibre 12) apontando em algo na minha direção.

Quando olhei para mim mesma, vi que minha roupa era igual à dela, só as cores eram diferentes, meu macacão de espiã era preto e o cinto era vermelho... Só não continuei reparando em muitas coisas depois que a vi mirar em mim.

Não tive muito tempo para pensar no que fazer, só para rolar me esquivando do tiro. Eu já ia mirar nela... Até ficar paralisada... Ela não era uma mulher desconhecida, era eu mesma. Sem entender o que acontecia, tentei me esconder atrás da escada de entrada de um dos prédios... Eu precisava processar tudo aquilo antes de tomar uma atitude.

Por que aquilo estava acontecendo? Ou melhor, o que estava acontecendo? ... Eu não ia conseguir atirar em mim mesma, ou iria ? Pensei em todos os motivos possíveis para alguma parte minha querer matar algo em si própria... As respostas não chegavam, mas ela estava se aproximando, eu sentia isso.

Depois de tudo que aconteceu e do tanto que eu cresci, por que mais essa prova ? Eu não queria mais ser testada, muito menos por mim mesma. Apesar do medo e das incertezas eu sabia que não ia poder fugir ou conseguir me esconder pra sempre... Eu ia ter que enfrentar a mim mesma, sozinha. Sem inimigos e sem aliados, mas com minhas fraquezas ... E forças.

Pensei na arma que ela usava e na arma que eu usava, ela não conseguiria atirar na mesma velocidade e muito menos com a mesma facilidade... Estava com uma certa vantagem, a não ser o fato de ela atirar muito bem e eu não ser boa nisso. Me levantei rápido e fui de volta ao meio da avenida, porém não a vi. Rodei em torno de mim mesma, procurando por ela e com as pistolas preparadas, até ver ela escondida se preparando para o próximo tiro.

Estava cansando de desviar, até resolver mirar nela e começar a atirar. Não precisei sequer de esforço, nem sequer senti muita dificuldade... Logo vi o macacão branco se manchando de vermelho. Acho que a dificuldade não seria matar ela, a dificuldade seria me ver morrer... E pelas minhas próprias mãos.

Cai de joelhos do lado do corpo, soltei as armas... E não sei por que motivo comecei a chorar. A chuva começou a cair, e o corpo dela começou a sumir como ar... Só o sangue ficou, manchando a rua...

Acho que se foi eu que fiquei viva, mereci. Só a mais forte ficaria de pé, e senti como se uma parte fraca tivesse ido embora... Pra sempre. Às vezes precisamos fazer sacrifícios para conseguir seguir em frente. Eu fiz o meu, e você?